CURITIBA E SÃO PAULO — Um dia após o doleiro Alberto Youssef afirmar, em depoimento à Justiça Federal de Curitiba, que está sendo intimidado na CPI da Petrobras por um “deputado pau mandado de Eduardo Cunha”, o parlamentar Celso Pansera (PMDB-RJ) reagiu dizendo, nesta sexta-feira, que está apenas cumprindo seu papel de integrante da CPI. Nos últimos meses, Pansera solicitou duas vezes à CPI a quebra de sigilo bancário da ex-mulher e de duas filhas do doleiro. Os pedidos foram interpretados como uma forma de intimidação pelos advogados que defendem Youssef.
— Não sou pau mandado de ninguém. Não devo favor nenhum a Eduardo Cunha. Ele é líder do partido, presidente da Câmara, mas fui eleito como resultado do meu trabalho. Fazer os requerimentos à CPI foi uma decisão minha. E só fiz isso porque foi o próprio Youssef quem falou dos patrimônios das filhas na delação dele — afirmou Pansera ao GLOBO.
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta quinta-feira, Youssef afirmou que suas filhas e a ex-esposa estavam sofrendo initmidação na CPI. Sem citar nomes, disse que as ameaças viriam de “um deputado pau mandado de Eduardo Cunha”. Na delação, o doleiro afirmou que Cunha também se beneficiava do esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato.
— Fazer requerimento faz parte do papel de um deputado. Ele (Youssef) se sentir ameaçado com isso é ridículo. Se aquele recado foi para mim, ele é quem está me ameaçando e a Justiça tem que me proteger — disse Pansera.
O primeiro requerimento feito por Pansera foi aprovado pela CPI em 11 de junho. Os advogados do doleiro conseguiram uma decisão no Supremo Tribunal Federal (STF) que impedia que o sigilo bancário dos familiares do delator fossem quebrados pela CPI. No dia 9 de julho, a comissão aprovou um novo requerimento de Pansera, dessa vez pedindo que o sigilo que já foi quebrado pela Justiça seja compartilhado com os deputados.
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