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Ao GLOBO, Paiva disse que está incomodado com o que chama de vazamento seletivo de informações sobre a operação e considera que a sociedade tem o direito de acesso ao conteúdo completo das investigações. Ele lembrou que na Operação Lava-jato, o juiz Sérgio Moro adotou esse procedimento, que o procurador considera o mais adequado também no caso da Operação Zelotes.
— Alguns investigados já tiveram amplo acesso à investigação, é um direito deles. Vou pedir ao juiz que reconsidere a decisão que decreta o sigilo. Ela abre espaço para o vazamento seletivo. A transparência é sempre o melhor (critério), a sociedade tem o direito de saber o que está sendo feito com o seu dinheiro.
O procurador destacou que não existe qualquer relação com a Operação Lava-Jato e, no caso da Zelotes, a Petrobras não é o foco, referindo-se ao noticiário que aponta a empresa como uma das investigadas.
— Vazamentos seletivos me preocupam. Neste caso, a Petrobras sequer é foco, é incidental. Não dá para associar as duas operações. Não tem nada a ver uma com a outra.
Entre os investigados na operação estão empresas do grupo Gerdau, do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, que até o mês passado presidia a Câmara de Políticas de Gestão e Planejamento do Governo Federal, e o Banco Safra, como informou O GLOBO na última quinta-feira. Reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" , cita ainda a montadora Mitsubishi, a Hyundai/CAOA, revendedora da marca coreana, e empresas do Grupo RBS. As informações foram confirmadas pelo GLOBO.
O grupo Gerdau, por meio da assessoria, informou que, até o momento, não foi contatado por nenhuma autoridade pública a respeito da Operação Zelotes. Também reitera que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos.
O Grupo RBS divulgou comunicado em sua página oficial, neste sábado, afirmando desconhecer as investigações da Polícia Federal na Operação Zelotes. “O Grupo RBS desconhece a investigação e nega qualquer irregularidade em suas relações com a Receita Federal", informou a empresa.
Já a assessoria da Hyundai/CAOA informou que soube das informações pela imprensa e as desconhece. Segundo a assessoria, a revendedora de carros teve casos julgados pelo Carf e nunca foi beneficiada, perdendo de seis a zero nos processos. "Portanto, não teria nenhum benefício".
O Banco Safra disse que na instituição não vai se manifestar. Procurada, a Mitsubishi informou que não comentaria o assunto.
MAIOR FRAUDE FISCAL JÁ DESCOBERTA
São suspeitos de integrar o esquema, considerado a maior fraude fiscal já descoberta no país, o conselheiro Francisco Maurício Rebelo de Albuquerque Silva, pai do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), líder do PP na Câmara, e nove ex-conselheiros do Carf, entre eles, o ex-secretário da Receita Otacílio Cartaxo, que também presidiu o conselho.
As fraudes nos processos do Carf descobertas pelo Ministério Público e Polícia Federal na Operação Zelotes podem chegar a R$ 19 bilhões, segundo os investigadores. Por meio do suborno de conselheiros, empresas e bancos conseguiram reduzir e até eliminar dívidas relacionadas à sonegação de impostos. A PF e o MPF descobriram indícios de que um simples pedido de vista de um processo de empresa ou banco poderia ser vendido por R$ 50 mil.
Na quinta-feira, a polícia fez buscas em 24 endereços em Brasília, 16 em São Paulo e um no Ceará. Foram apreendidos documentos na sede do Carf, do Banco Safra e de conselheiros, advogados e lobistas suspeitos de envolvimento com as fraudes.
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