Claudio e Representações Ltda.sou um representante comercial

quarta-feira, 31 de julho de 2013

OPINIÃO DO BLOG: O PSB e sua minirreforma política doméstica

O Partido Socialista Brasileiro/PSB pode até ter a melhor das intenções – de muitas das quais o inferno anda cheio inclusive – ao criar resolução interna para seu fortalecimento a partir da nomeação de suplentes nos gabinetes de vereadores e deputados eleitos. O que querem os socialistas? Mostrar à sociedade e aos seus militantes que os mandatos pertencem ao partido e não aos mandatários. Estes, segundo o modelo eleitoral brasileiro, são eleitos graças à votação coletiva obtida pela legenda, e é certo que, no Brasil, muito dificilmente um vereador consiga eleger-se apenas com sua própria votação.
O debate que o PSB local trava atualmente – e cujos desdobramentos nem Nostradamus seria capaz de prever, mas que servirão de lição, para o bem ou para o mal – tem a ver com o fato de a medida ser bonitinha, mas ordinária, e de  mostrar-se quase que inaplicável por ser geradora de permanentes dissabores e constrangimentos de parte a parte. Da parte do eleito, que se vê, como muitos já disseram, de ter que, compulsoriamente, conviver com uma raposa dentro de seu galinheiro eleitoral; do suplente que, subordinado à orientação do mandatário, estaria praticamente impossibilitado de exercer com autonomia sua liderança; do partido, que teria, como está tendo o PSB, de atuar como eterno mediador dos conflitos e dissensões decorrentes de um convívio para o qual nossa frágil democracia não estaria devidamente preparada.
O Brasil tem deficiências históricas no sistema eleitoral, sobejamente conhecidas de tantos quantos disputam eleições. É um sistema esquizofrênico: a mesma lei que dá força aos partidos é a mesma que assegura o personalismo patológico (vou dedicar algumas linhas a este assunto em um próximo artigo). Não é segredo para qualquer cristão minimamente informado que partido nenhum neste vasto território brasileiro exerce qualquer forma de orientação ou ascensão sobre seus parlamentares ou prefeitos, que atuam como donos dos absolutos dos mandatos. Nenhum partido orienta votação no Congresso, Assembleias ou Câmaras. Absolutamente, nenhum.
Daí que o PSB não conseguirá impor internamente uma norma que não ganha repercussão na sociedade, que não tem reflexo na cultura política e eleitoral e que, portanto, não consegue ter como adeptos nem mesmo seus próprios militantes. Eu arriscaria a afirmar que, eleitos Néu do Gás e Napinho, o partido estaria enfrentando o mesmíssimo problema agora. Portanto, o que se vê é um partido bem intencionado, mas que quer promover apenas uma reforma política doméstica, sem atentar para o grande desafio de ganhar corações e mentes para uma disputa ideológica que envolva todo o conjunto da sociedade: uma disputa de valores e que tenha como finalidade a sujeição das personalidades aos programas dos partidos, sejam de direita ou de esquerda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mundo: Jornais dos EUA e Europa tratam Lula como preso político e falam de fim da democracia no Brasi

A percepção da imprensa internacional sobre a prisão do ex presidente Lula tomou forma. Ela lê o episódio como uma ação "ignominios...