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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Mais de 2.200 pessoas na Bahia estão na fila por um transplante de órgãos



No último final de semana três crianças, internadas nos hospitais Ana Nery, em Salvador, e em um hospital em Belo Horizonte, Minas Gerais, foram salvas graças ao transplante de rins e fígado, doados com consentimento da família de um garoto de quatro anos, diagnosticado no último dia 4 com morte encefálica, no Hospital Roberto Santos.
Projeto passará por análise do CCJO gesto de altruísmo, contudo, não é acompanhado por aproximadamente 60% das famílias de pacientes que são diagnosticados como potenciais doadores de órgãos, que por diversos motivos, entre os quais o religioso, se recusam a permitir quaisquer doações. A Bahia é o quinto estado com maior percentual de recusa de doações de órgãos, e tem mais de 2.200 pacientes na lista de espera para transplantes, principalmente de  córneas, rins e fígado.
No dia em que comemora a realização de 300 transplantes de rins, na última sexta-feira, no Hospital Ana Nery, a Bahia ostenta uma fila de 1.018 pacientes à espera desse tipo de transplante, para apenas 68 doadores de múltiplos órgãos, nos quais os rins estão incluídos. Este ano, contudo, 11 famílias de potenciais doadores de órgãos se recusaram a permitir as doações.
Informação:*Tribuna da Bahia.


“Um dos maiores entraves é a posição da família de potenciais doadores, que mesmo sabendo da importância do ato, se recusam a permitir quaisquer doações, alegando que não desejam qualquer forma de mutilação no corpo da vítima de morte encefálica”, diz a coordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos da Secretaria Estadual da Saúde, Carolina Sodré.
De janeiro até julho deste ano, a Central de Captação de Órgãos da Sesab recebeu 231 doações de córneas e 68 de múltiplos órgãos. No ano passado, a Secretaria da Saúde recebeu 420 doações, das quais 319 foram de córneas e 101 de múltiplos órgãos.
Vida nova
A coordenadora explicou que normalmente os pacientes que recebem órgãos de doadores têm acompanhamento psicológico pré-transplante e depois continuam esse tipo de tratamento para evitar traumas de rejeição do novo órgão. No caso do garoto de quatro anos, cujos rins e fígado salvaram a vida de três pessoas, ele ainda pode restituir a visão de outros pacientes, uma vez que as córneas doadas permanecem no Banco de Olhos do Hospital Geral Roberto Santos e serão liberadas para transplante após avaliações detalhadas. O procedimento deve ser concluído ao longo desta semana.
A lista de espera na Bahia tem casos de diferentes tempo de atendimento. No caso dos transplantes de fígado, a demora vai depender do diagnóstico de  gravidade do doente. Nos transplantes de córneas, que tem o maior número de pacientes na lista de espera, o tempo varia de um a um ano e meio, podendo chegar a até cinco anos, em caso de incompatibilidade de órgãos. Em todos os casos, prevalece a gravidade dos doentes que estão na lista de espera.
No Hospital Roberto Santos, onde todo o procedimento de captação foi feito, houve um aumento de  40% na captação em Salvador. A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott),  aumentou o número de familiares entrevistados, como forma de proporcionar maior esclarecimento sobre a importância das doações de órgãos. “O desconhecimento do processo é um dos fatores que inibe o ato de autorização das famílias”, esclarece Carolina Sodré.
Para se tornar um doador de órgãos, o paciente não precisa registrar tal vontade em documento. Basta manifestar sua vontade para a família e depois comunicar a equipe médica. No entanto, somente quando constatada a morte encefálica do paciente, a equipe médica realiza entrevista com os acompanhantes.
A coordenadora da Central de Captação de órgãos explica que após o consentimento do paciente em vida, e do assentimento dos familiares, em caso de morte  do potencial doador. A retirada dos órgãos que serão doados é seguida da recomposição do corpo, para evitar quaisquer sinais de mutilação.  “É um procedimento padrão e permite aos familiares do doador realize os velórios sem quaisquer constrangimentos”, disse.
Critério básico
Excetuando-se o diagnóstico de gravidade do paciente, que pode determinar a antecipação da operação de transplante de órgãos, não há privilégios na lista de espera para quem estar a espera de um doador de órgão. Para tanto, quando necessário, o próprio Ministério da Saúde indica  onde se encontra o paciente para ser operado, fazendo a transferência de órgãos entre os estados..
A cada vez que surge um doador a Central Estadual de Captação, ou o órgão similar do Ministério da Saúde, é informada e processa a seleção dos possíveis receptores para os vários órgãos. Esta seleção leva em conta o tempo de espera para o transplante, o grupo sanguíneo, o peso e altura do doador, com nuanças próprias para cada órgão.  Isso faz com que com que nem sempre o mais antigo da fila seja o primeiro  a ser operado.
Além disso leva-se em conta alguns exames feitos no doador para ver se ele é portador de infecções, como por exemplo, as hepatites por vírus B ou C. Caso um desses exames seja positivo as equipes não aceitam os órgãos para transplantar receptores negativos para a tal infeção pois isto representa um risco de contaminar o receptor com uma doença que colocará em risco sua saúde. Outras vezes o receptor que foi selecionado em primeiro lugar pode não estar momentaneamente em condições de receber um transplante em conseqüência de complicações clínicas ou não pode ser localizado.
A lista de espera para transplantes de órgãos tem ao todo, até o final de julho deste anp, 2.298 pacientes, conforme os dados da Central de Captação e Distribuição de Órgãos da secretaria estadual da Saúde.
Na Bahia, conforme avaliações da Central de Captação de Órgãos da Sesab,  24% das recusas tiveram como motivo o desejo de se manter o corpo do doador em condições integrais, sem qualquer mutilação na retirada de órgãos.
Outros 21% dos doadores não tiveram causa de morte registrada. Já 15% das famílias manifestaram contrárias a qualquer forma de doação, enquanto 19% foram os próprios doadores que se recusaram. A pesquisa mostrou ainda que 3% dos casos foram por falta de consenso familiar e 1% apenas por convicções religiosas.
*Tribuna da Bahia

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