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RIO — Uma manifestação pela paz no Complexo do Alemão, na Zona Norte, acabou em confusão na Estrada do Itararé, em frente à Rua Joaquim de Queiróz, duas vias de acesso à comunidade, na tarde desta sexta-feira. Policiais militares lançaram bombas de efeito moral durante o ato, que lembrava a morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, baleado após um confronto entre PMs e traficantes na quinta-feira. O governo do estado informou, neste sábado, que os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados das ruas.
O tumulto começou por volta de 15h30m, quando um grupo de moradores, que estava a caminho da sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Alemão, tentou fechar a Estrada do Itararé. Homens do Batalhão de Choque (BPChq) impediram a ação com o uso de bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Houve correria e muita gente tentou se esconder em bares. Algumas pessoas precisaram cobrir o rosto com panos. De acordo com o site "G1", manifestantes revidaram a ação do Batalhão de Choque atirando garrafas contra os agentes.
O policiamento foi reforçado na região neste sábado. Desde de manhã, a movimentação de PMs foi intensa no Complexo do Alemão. À tarde, blindados se deslocaram para o interior da localidade da Grota. Helicóptero da PM também foram vistos sobrevoando a comunidade. De acordo com o Centro de Operações, a Estrada do Itararé e a Avenida Itaóca chegaram a ser interditadas. O trânsito não chegou a ser afetado, mas ônibus não passavam na região.
Segundo o Twitter do perfil Voz da Comunidade, a tradicional encenação da Via Sacra foi cancelada devido ao tumulto ocorrido durante o protesto. Cerca de 180 moradores participariam do evento, que fora marcado para as 17h.
O arcebispo do Rio, cardeal dom Orani Tempesta, comentou os casos de violências ocorridos recentemente na cidade, entre eles as mortes no Alemão. Dom Orani disse que as vítimas são "inocentes" em meio a um tiroteio por disputa por dinheiro e poder.
— Não merecemos um país e uma cidade com tanta violência, com pessoas inocentes sendo mortas assim, de qualquer maneira. Não merecemos essa insegurança. A Igreja quer exercer sua missão de poder falar que é possível fazer o bem, ajudar as pessoas a serem melhores. Mas também pede a todos que colaborem para que isso seja difundido nas famílias. E que as autoridades cumpram a missão de executar leis justas — afirmou dom Orani na Catedral Metropolitana, após ação litúrgica da Sexta-Feira da Paixão.
A presidente Dilma Rousseff, em nota, pediu que as circunstâncias da morte do menino Eduardo sejam esclarecidas e que os responsáveis pelo crime sejam punidos. Ela também prestou solidariedade à família do garoto.
Eduardo foi atingido por um tiro de fuzil na entrada da localidade conhecida como Beco da Sabino, na comunidade do Areal, no fim da tarde desta quinta-feira. De acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), homens do Batalhão de Choque (BPCHoque) patrulhavam o local, quando foram recebidos a tiros por bandidos. Moradores acusam os policiais militares pelo crime. Foi a quarta morte na comunidade em pouco mais de 24 horas.
A Divisão de Homicídios (DH) investiga o crime. As armas dos policiais que participaram do confronto foram apreendidas pela Polícia Civil. O objetivo é saber se o tiro que atingiu a criança partiu de um dos agentes. Em nota, a CPP informou que um Inquérito Policial Militar foi instaurado para apurar a conduta dos PMs.
CONFUSÃO EM PROTESTO NO ALEMÃO
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